DevOps: o que é, benefícios, implantação e cultura
Ao falarmos de tecnologia, o presente se torna passado muito rapidamente. Práticas que são consagradas ao longo de anos podem – e, em alguns casos, devem – ser substituídas por práticas que atendam às demandas de um mercado que está em permanente transformação.
As empresas que não compreendem o valor e a importância da inovação, certamente estarão sempre um passo atrás das principais companhias do mundo. Não apenas frente as empresas do segmento, mas na prestação de um serviço de qualidade para os seus clientes que garanta a sua vida útil em um mercado altamente competitivo.
Dentre essas preocupações está a integração de diferentes setores dentro da empresa, com a definição de rotinas e processos de trabalho que promovam a divisão do trabalho e, consequentemente, dos méritos pelos resultados obtidos, além da individualização da responsabilidade pelos eventuais erros durante a criação e o monitoramento das atividades da área de TI e de desenvolvimento.
Pensando nisso, em 2009, na conferência Velocity, John Allspaw e Paul Hammond apresentaram uma metodologia de trabalho que se propõe a oferecer uma alternativa a essa necessidade constante do aprimoramento da comunicação, das ferramentas e da entrega de produtos de tecnologia: o DevOps.
O QUE É DEVOPS?
A palavra DevOps é um acrônimo das palavras development (desenvolvimento) e operations (operações). Trata-se de uma cultura organizacional de desenvolvimento de software que envolve ferramentas, processos de trabalho e práticas que tem como objetivo integrar as atividades dos desenvolvedores de softwares e dos operadores de TI.
Historicamente, essas duas áreas sempre funcionaram independentes uma da outra. Por que isso se tornou um problema? A divisão pouco clara sobre a responsabilidade dos serviços prestados, a demora na entrega das melhorias nos aplicativos, a burocracia envolvida na comunicação e solução dos problemas e estratégias diferentes para cada setor, se provaram pouco eficazes para as demandas cada vez mais exigentes do mercado de tecnologia.
O material humano é sempre um desafio para qualquer mudança em uma empresa. A cultura DevOps não é diferente. É comum que os membros das equipes de cada um dos departamentos acreditem que as responsabilidades são dos membros do outro time. Com a implantação da cultura DevOps esses problemas são minimizados, pois existe uma divisão clara das atividades e os protocolos que devem ser executados.
O DevOps, portanto, é muito mais amplo e mais abrangente do que simplesmente a implantação de tecnologias mais sofisticadas. Estamos falando de uma mudança cultural na atuação dos profissionais de desenvolvimento – cientistas da computação, engenheiros de software – e os operadores de TI.
Até aqui já vimos ao que essa filosofia de trabalho se propõe. Mas, na prática, o que a integração desses dois setores pode trazer de benefícios para a entrega e a prestação de serviços em uma empresa?
BENEFÍCIOS DA METODOLOGIA DEVOPS
C/I – CONTINUOUS INTEGRATION (INTEGRAÇÃO CONTÍNUA)
Na engenharia de software, a integração contínua consiste em uma prática na qual os desenvolvedores sintetizam as alterações dos códigos em um único local que são aglutinadas as informações, um repositório.
Em seguida, diversos testes são executados. Com isso, os desenvolvedores são capazes de identificar rapidamente eventuais erros no software, além de trabalhar para aumentar a qualidade do produto. Tudo isso, claro, com o objetivo de reduzir o tempo que seria necessário para ratificar ou desenvolver atualizações no produto.
O DevOps tem entre seus principais objetivos aumentar a produtividade, a comunicação e diminuir o tempo de resposta e correção de possíveis erros. Uma integração morosa e episódica é justamente um dos problemas que a metodologia DevOps pretende solucionar.
C/D – CONTINUOUS DELIVERY (ENTREGA CONTÍNUA)
A continuidade na entrega não deve se ater exclusivamente ao tempo, mas ao uso de recursos inteligentes para gerar soluções que serão implantadas.
A entrega contínua é uma técnica muito utilizada no desenvolvimento de software e tem como objetivo criar, testar e preparar alterações automáticas durante o processo de produção de um software.
Essa prática permite que o desenvolvedor disponha de artefatos de criação disponíveis e prontos para serem implementados. Com isso, além de diminuir o tempo, essa prática permite que as alterações passem por um processo de testes padronizado, garantindo que a implementação será feita de acordo com as necessidades reais de cada cliente.
MICROSSERVIÇOS
Os microsserviços – um tipo de arquitetura no desenvolvimento de aplicativos – permite a criação de um único aplicativo composto por um conjunto de pequenos serviços. Nesse modelo, cada um dos serviços é executado individualmente, seguindo um processo próprio, comunicando-se com outros serviços através de uma interface simples.
Assim, ao se comunicarem através de APIs (Application Programing Interface, em português, Interface de Programação de Aplicativos) asseguram uma maior rapidez na execução das atividades e podem ser alterados ou corrigidos separadamente, o que é inviável em uma arquitetura monolítica.
Empresas como Netflix e Spotify utilizam esse tipo de serviço. O sucesso delas não deixa dúvidas quanto a melhoria dos aplicativos produzidos dentro desse modelo, não é?
MONITORAMENTE E REGISTRO EM LOG
Por meio da experiência do usuário (UX – User Experience), as empresas são capazes de avaliar e medir a qualidade dos serviços que prestam, monitorar o interesse e entender como eventuais alterações no aplicativo afetam a percepção do usuário sobre a qualidade do produto.
Essa prática de DevOps consiste na captação, análise de dados e logs gerados por meio da interação dos usuários com o aplicativo desenvolvido. Com isso, a equipe de desenvolvido é capaz de identificar o quão impactante as alterações têm se mostrado para eles na plataforma.
O que não é monitorado, não pode ser corrigido rapidamente. Considerando que a maioria dos serviços que aplicam técnicas de DevOps não podem parar de funcionar e, ainda, precisam oferecer uma experiência que seja capaz de reter os usuários na plataforma, o monitoramento constante e registro de log é indispensável para garantir que problemas que sejam causados pelas alterações sejam identificados em sua raiz e solucionados rapidamente
COMO IMPLEMENTAR O DEVOPS?
A implementação dessa filosofia naturalmente envolve um conjunto de medidas que devem ser adotadas para o sucesso dela no dia a dia.
Entre as principais medidas, temos a integração das áreas. Evidentemente, se estamos de uma metodologia que preza pela eliminação de procedimentos burocráticos e lentos, além de melhorar a comunicação entre os setores, é necessário um trabalho de integração das áreas para que as chances da implantação de uma cultura como o DevOps sejam boas.
Além disso, é necessária a padronização dos ambientes. Mudanças nos processos de trabalho devem ser aplicadas para garantir que os profissionais das duas áreas utilizem as mesmas ferramentas de trabalho, os mesmos modelos de documentos para registrar e monitorar as atividades integradas, respeitando protocolos preestabelecidos que garantirão a agilidade das atividades.
Por fim, a segurança é um outro elemento fundamental para a cultura DevOps. Inclusive, quando a segurança é valorizada, é acrescido ao acrônimo o termo “sec”, isto é, temos a DevSecOps. Atualmente, não estar preocupado com a segurança é praticamente sacrificar a continuidade das operações em um negócio. Dados de colaboradores, de clientes e de parceiros não podem estar expostos.
A IMPORTÂNCIA DA MUDANÇA DE CULTURA PARA O SUCESSO DA METODOLOGIA DEVOPS
Como vimos, o DevOps é muito mais do que a somatória de técnicas, ferramentas ou integração dos setores de desenvolvimento e operações de TI.
Antes de mais nada, trata-se de uma mudança drástica na cultura das organizações. É comum que ninguém queira assumir responsabilidades quando as coisas saem de controle ou dão errado e, às vezes, é difícil saber quem é o verdadeiro responsável por um problema se as áreas não estiverem inteligentemente integradas.
O objetivo da implantação de uma cultura desse tipo não é sobrecarregar os desenvolvedores ou gerar qualquer tipo de ônus excessivo para qualquer uma das partes. É justamente o oposto. A implantação desse tipo de metodologia procura dividir as responsabilidades, aumentar a agilidade na entrega dos serviços, melhorar o tempo de resposta para os problemas que surgem durante a criação, os testes, a aplicação e o uso de um software.
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